FriGol: desafios e conquistas

A Frigol, quarto maior frigorífico de carne bovina do país, amplia sua capacidade produtiva e conquista espaço no mercado asiático. Sob o lema “essência local, força nacional e alcance global, o frigorífico fundado em 1992 pela família Gonzaga Oliveira, destaca-se pelas ações sócio-ambientais e tecnologia aplicada.  A revista +Carne conversou com Pedro Bordon, diretor Comercial e de Marketing e Carlos Corrêa, diretor Administrativo e Sustentabilidade, para conhecer os desafios e conquistas desta empresa que a cada ano conquista mais espaço dentro e fora do país.

Revista +Carne: A FriGol tem explorado cada vez mais o mercado externo, especialmente o mercado asiático. Quais os principais desafios deste mercado?  Quais são as perspectivas de alcance em 2023?

Pedro Bordon, diretor Comercial e de Marketing: Os principais desafios desse mercado incluem a concorrência acirrada, as exigências regulatórias e sanitárias específicas de cada país, as diferenças culturais e os processos de habilitação para exportação. No entanto, a empresa tem conquistado avanços significativos na região.

Nossas plantas de Lençóis Paulista (SP) e de Água Azul do Norte (PA) são habilitadas a exportar para a China.

Temos focado também no Sudeste Asiático. O bloco dos países da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático) tem uma população de aproximadamente 700 milhões de pessoas, sendo o segundo principal mercado da Ásia, somente atrás da China, e onde o consumo de carne bovina está em crescimento.

Neste ano, já conseguimos habilitações para exportar para Singapura (via nossa unidade de São Félix do Xingu, no PA) e para Indonésia (via nossa unidade de Água Azul do Norte, no PA).

O próximo passo é conquistar habilitações para Filipinas, Malásia, Tailândia e Vietnã. 

Revista +Carne:  Ainda sobre o mercado externo, as expectativas de crescimento para o ano foram impactadas por causa do período em que deixamos de exportar para a China?


Pedro Bordon:
O autoembargo afetou o setor e também impactou nossas exportações no primeiro trimestre. Felizmente teve uma duração bem menor do que enfrentamos em 2021. Para mitigar os impactos financeiros, a FriGol buscou redirecionar sua produção para outros mercados, considerando tanto o mercado interno quanto os outros mais de 60 países para os quais já exportamos.

Sobre o ano, nossa estratégia definida para 2023 foi investir no aumento da produção das plantas para crescer em volume e faturamento. 

Já concluímos as ações para aumentar o volume de abate / dia em nossas três plantas de bovinos. Estamos preparados para abater 590.000 animais neste ano, 25% acima do que volume abatido em 2022.

Até o momento, esse volume está mantido, mas não desconsideramos que sejam necessárias fazer adaptações conforme eventuais movimentos do mercado, objetivando, sempre, manter a rentabilidade.

Revista +Carne:  A FriGol se mantém com plantas em SP e Pará, certo? Qual a capacidade atual das unidades?

Pedro Bordon: Sim, a FriGol possui 3 plantas, sendo 2 no Pará e uma em São Paulo. Como mencionado na questão anterior, investimos no ano passado para aumentar a capacidade de abate da unidade de São Félix do Xingu e neste ano para aumentar a capacidade de abate de Água Azul do Norte e de Lençóis Paulista.

Assim, a capacidade atual de abate de gado por dia, autorizada pelo SIF, em cada uma das unidades é a seguinte:

Em Água Azul do Norte (PA), a capacidade de abate é de 1.100 cabeças por dia.

Em São Félix do Xingu (PA), a capacidade de abate é de 750 cabeças por dia;

Em Lençóis Paulista (SP), a capacidade de abate é de 850 cabeças por dia.

Revista +Carne:  A FriGol é referência em tecnologia para frigoríficos, principalmente no quesito rastreabilidade. Me conte um pouco sobre como a tecnologia 4.0 tem sido aliada de vocês. Em quais processos vocês têm percebido vantagens significativas?

Carlos Corrêa, diretor Administrativo e Sustentabilidade: Iniciamos o trabalho de Inteligência Artificial para classificação de animais no abate muito antes da discussão sobre a indústria 4.0. 

O setor frigorífico de Bovinos, diferente de Suínos e de Aves, tem pouca automação, por conta da falta de padronização da matéria-prima, sendo assim monitoramos os desenvolvimentos de novas tecnológicas e sempre prospectamos o mercado em busca de novidades.

Revista +Carne:  Hoje em dia é impossível não falar sobre agropecuária e sustentabilidade. Conte-nos um pouco sobre as ações de vocês neste quesito.

Carlos Corrêa: A Sustentabilidade está no centro de nossa estratégia. Muito antes de o tema tomar a proporção dos dias atuais, trabalhamos no desenvolvimento de sistemas em parceria com empresas que pudessem trazer toda transparência para nossa produção. 

Monitoramos 100% dos fornecedores diretos e levamos até consumidores e clientes a rastreabilidade socioambiental em 100% dos nossos produtos in-natura que chegam ao mercado, tanto nacional, quanto nas exportações, através de um QRcode inserido em nossos rótulos e em vários idiomas. 

E como sustentabilidade é a chave para nosso desenvolvimento, levamos essa rastreabilidade para todas as unidades de produção da FriGol, independente do bioma. 

Utilizamos o protocolo Boi na Linha, do Imaflora, tanto para o Bioma Amazônia quanto para o Bioma Cerrado e somos signatários do TAC da Pecuária Sustentável no Estado do Pará, onde no 4º. Ciclo de Auditoria atingimos 100% de conformidade e fomos destaque como uma das empresas que mais evoluiu em monitoramento. 

Aderimos ao Plano Amazônia, que recentemente foi publicado pela Febraban e assumimos os esforços para antecipar a mitigação do desmatamento indireto de 2030 para 2025, para tanto, trabalhamos em parceria com a NWF, na utilização do Software Visipec para o monitoramento de fornecedores indiretos. 

Afora nossos esforços, acreditamos que a única forma de monitorar de maneira efetiva e livre de erros é a criação de um Protocolo Público de Rastreabilidade individual de Animais, instituído pelo Governo Federal, onde todos os animais produzidos no país, independentemente de sua região e/ou Bioma, recebam um brinco de identificação que carregue todos os dados do animal do nascimento até a seu abate, pois essa é a forma mais efetiva e transparente de monitoramento. 

Revista +Carne:  A FriGol começou pequena, um açougue no interior de São Paulo. Hoje é uma gigante! O que não mudou de lá pra cá? Quais filosofias se mantêm?

Pedro Bordon: Apesar do crescimento e da expansão da FriGol ao longo dos anos, seus valores se mantêm desde a fundação. A empresa continua a valorizar a qualidade dos produtos, a ética nos negócios, o compromisso com a segurança alimentar e o respeito aos colaboradores, fornecedores, clientes e consumidores.

A FriGol mantém uma abordagem centrada no cliente, buscando entender e atender às necessidades e expectativas dos consumidores, tanto no mercado interno quanto no externo. Além disso, a FriGol tem a sustentabilidade no centro de sua estratégia de negócios, adotando práticas que visam a preservação dos recursos naturais e o desenvolvimento das comunidades onde está presente.

Permanecemos sendo uma empresa com uma cultura de proximidade, confiança e comprometimento, o que contribui para a construção de relacionamentos duradouros com nossos stakeholders. Essas filosofias e valores são fundamentais para a continuidade do sucesso da FriGol no mercado de frigoríficos.

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