Seguindo a tendência de crescimento do segmento de empanados, a Seara desenvolveu tecnologia para produção de várias alternativas de empanados de frango e construiu uma nova fábrica para a produção desses produtos. Trata-se do maior investimento do negócio desde a aquisição pela JBS.
O novo desenvolvimento deve ressignificar a categoria de empanados no Brasil e para falar desse investimento, a Revista + Carne entrevistou Gabriela Pontin, diretora executiva de Negócios de Alimentos Preparados da Seara
Revista + Carne – A Seara investiu em nova fábrica especialmente para produção de empanados. O que levou a empresa a buscar expansão nesse segmento e construir uma nova fábrica para esse mercado?
Gabriela Pontin – Somos uma companhia com mais de seis décadas de história, atenta aos desejos e necessidades dos nossos consumidores. Em nossas pesquisas frequentes de mercado para compreender ainda mais os hábitos de consumo do brasileiro, identificamos um forte potencial de crescimento no segmento de empanados de frango no país. Concluímos que embora a carne de frango já esteja presente em 99% dos lares e que empanado é a forma de preparo que o brasileiro mais gosta, ainda havia uma busca e, portanto uma lacuna, por mais praticidade, conveniência e versatilidade. Hoje em dia, frango empanado é comum em 33% dos lares nacionais, o que é considerado baixo se comparado a padrões internacionais. Nos Estados Unidos, esse índice é de 54% e, no Reino Unido, de 66%. Por esses exemplos e diante desse cenário, a Seara optou por investir na expansão da sua atuação neste segmento específico. Todo o desenvolvimento da nova linha de empanados e para a entrega da planta industrial da nova fábrica que estamos construindo em Rolândia, no Paraná, representa um investimento de R$ 1 bilhão.
Revista + Carne – Quanto tempo a empresa investiu em pesquisas e qual o tempo aplicado no desenvolvimento dos produtos? Quais os diferenciais que a empresa agregou às linhas de empanados?
Gabriela Pontin – O valor de R$ 1 bi que estamos dedicando para construir a nova fábrica em Rolândia e para criar a nova linha de empanados, faz parte do plano de investimentos de longo prazo, conforme anunciamos para o mercado em 2019. Desde então, empenhamos nossos esforços em pesquisas, na criação desses novos produtos para ressignificar a categoria no país e na construção da nova unidade no Paraná.
Em relação aos diferenciais na nova linha de empanados, nosso foco sempre esteve na forma de preparo e na originação. Criamos pré-moldados feitos 100% de peito e estamos confinantes na receptividade do mercado para as coxas integrais de frango, todos empanados com produtos sob medida para dar a sensação de feitos em casa. Também ampliamos o leque de cortes diferenciados – iscas, filés e filezinhos de peito de frango, além de pré-moldados em tamanhos menores, e em coxas de frango inteiras, com tempero suave e levemente apimentadas – compatíveis com o modo de preparo no forno, na air-fryer ou com a forma clássica, que é frito.
Revista + Carne – Quais os tipos de carnes utilizadas na produção dos empanados? Além dos lançamentos vindos da nova fábrica e apresentados ao mercado, outros devem vir?
Gabriela Pontin – Os 10 tipos de empanados que acabamos de lançar são feitos de 100% peito e coxa de frango, e todos os produtos que fazem parte dessa linha serão preparados em Rolândia, no Paraná. A nova unidade está sendo construída em duas fases. A primeira foi concluída com a entrega da unidade para produção de empanados, e, até o fim deste ano, a segunda e última etapa será finalizada, resultando em uma planta industrial adicional para a produção somente de salsichas.
Revista + Carne – Além de inovar em seus produtos, a Seara trouxe inovação também em tecnologia na nova fábrica. Fale um pouco das tecnologias implantadas no local.
Gabriela Pontin – A unidade de Rolândia foi projetada para ser automatizada e com padrões de infraestrutura sustentável, desde a primeira etapa de conclusão. Ao término da obra, no segundo semestre de 2023, todos os padrões requeridos pelas grandes redes globais estarão implantados, incluindo alguns diferenciais. Haverá, por exemplo, coleta de água pluviais com lagoa específica para isso; 672 placas de energia solar no estacionamento dos veículos e carros elétricos de transporte de resíduos dentro da fábrica.
Revista + Carne – Qual o motivo da escolha da cidade de Rolândia, no Paraná? Qual o potencial de geração de empregos na região?
Gabriela Pontin – A região Sul é importante para a JBS e a Seara, com um todo. O Paraná concentra boa parte da nossa rede de produtores integrados e, em especial a cidade de Rolândia está localizada em uma área estratégica para a logística de distribuição de nossos produtos, para dentro e fora do país. A região é ainda importante produtora de grãos, o que é essencial para nossa atividade. Nossa estimativa é que, com a conclusão das duas etapas da nova unidade sejam geradas 681 novas posições de trabalho. Isso representa uma injeção de R$ 31 milhões de massa salarial na economia local.
Revista + Carne – Com os novos produtos, a Seara tem planos para exportar empanados? Em caso positivo, quais seriam os países potencialmente importadores?
Gabriela Pontin – Nós já exportamos empanados. Ainda em pequena proporção, porém o objetivo inicial é focar a nova linha de empanados para comercialização no Brasil, pois, como vimos, há enorme potencial para expandir a presença do produto nos lares. Visamos o topo da categoria no país, mas exportar esses novos produtos não é um plano a ser descartado. A nova unidade industrial já surge habilitada para a produção Halal, por exemplo.
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