Desafios e Potencialidades: a pecuária de corte no Nordeste brasileiro

Desafios e Potencialidades: a pecuária de corte no Nordeste brasileiro

O Nordeste brasileiro é composto por nove estados. Uma região conhecida por sua diversidade cultural, histórica e geográfica. No agronegócio, não é diferente. Podemos encontrar uma ampla gama de atividades. Hoje, nosso destaque é para a pecuária de corte.  Bahia e Maranhão lideram a produção

A pecuária de corte no Nordeste brasileiro possui um potencial enorme, mas enfrenta barreiras que precisam ser superadas para que a região possa se consolidar como uma potência no setor. Investimentos em infraestrutura, especialmente em frigoríficos, e políticas que incentivem a permanência dos jovens no campo são essenciais para que o futuro da pecuária nordestina seja próspero, como merece.

“Se a gente for pensar no Nordeste em si, saindo daqui da Bahia e indo lá pro Maranhão, na divisa do Pará, por exemplo, a gente vai encontrar a pecuária, obviamente com características diferentes. A gente tem uma pecuária tradicional bem tradicional no Nordeste brasileiro. Se a gente faz uma radiografia, observa que Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte, temos em geral uma pecuária mais extensivista. Mas, por exemplo, se você vai até a Zona Mata, você vai ver os Irmãos Barros Correia, eles têm nelore, vendem genética. Temos Imperatriz também com tradição na produção de cria. Entre Maranhão e o Pará, temos propriedades que trabalham com confinamento”, explica Thiago Carvalho, pesquisador da equipe de pecuária do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – CEPEA Esalq/USP.

Apesar do alto volume de produção, a falta de frigoríficos no Nordeste força os produtores a enviar gado para abate em outras regiões do país, o que eleva os custos e reduz a competitividade da carne nordestina.

“Se eu tivesse que pontuar um gargalo, pensando em toda a cadeia, eu apontaria a questão de frigorífico. Por exemplo, certa vez, em 2017/18, eu estava em Conceição do Jacuípe-BA, com um representante de uma associação no Rio Grande do Norte, e ele falou, Thiago, eu quero fazer um projeto de planejamento para organizar a pecuária do Rio Grande do Norte, porque a gente tem produtores bons. Mas a carne que entra no Rio Grande do Norte, por incrível que pareça, vem do Pará. Então vem pelo Pará, cruza o Maranhão, e chega no Rio Grande do Norte. Portanto, se a gente for pensar no abastecimento, há frigoríficos locais, estaduais, mas há essa problemática. A indústria é o vetor de transformação. É ela que leva o desenvolvimento”, esclarece.

Mão de Obra e Sucessão Familiar

Outro desafio significativo é a escassez de mão de obra qualificada, agravada pela migração de jovens para as cidades. A sucessão familiar é um problema recorrente, com os filhos dos produtores optando por oportunidades urbanas em vez de continuar no campo. “A dinâmica da mão de obra é muito delicada em termos de sucessão”, observa Carvalho, destacando que esse é um problema que afeta o Brasil como um todo.

A irregularidade das chuvas é outro fator que não pode ser ignorado. A seca periódica exige investimentos em irrigação e tecnologias de manejo de água, o que representa um custo adicional para os pecuaristas da região. Essa variação climática impacta diretamente na produtividade e na capacidade de manter uma oferta estável de gado ao longo do ano.

Potencialidades e Iniciativas

Apesar dos desafios, existem sinais positivos. Há projetos de construção de novos frigoríficos, e além disso, a diversificação da produção com a inclusão de suínos e aves, embora ainda pequena comparada a outras regiões do Brasil, mostra que há espaço para crescimento. Em Pernambuco, por exemplo, a produção de ovos já se destaca nacionalmente, com municípios como São Bento do Una contribuindo significativamente para o mercado nacional.

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