Por: Erika Ventura
As importações dos países da Organização para Cooperação Islâmica (OCI) estão previstas para crescer a uma taxa de 7,6% ao ano nos próximos 5 anos
Atualmente, o Brasil é o maior exportador mundial de proteína animal, particularmente de carne bovina e de frango. Em 2023, o país liderou as exportações globais de carne bovina, respondendo por uma parcela significativa do mercado internacional. De acordo com os dados da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, ano passado, dos dez maiores compradores de carne bovina brasileira no exterior, grupo que responde por 84,5% da receita de exportação do Brasil com o produto (cerca de US$ 10,446 bilhões), seis nações são grandes compradores de proteína bovina halal. O panorama da economia islâmica global 2023/24 indica uma excelente oportunidade de comercialização para a OCI. Números de 2022 indicam US$ 2,29 trilhões em gastos, envolvendo 2 bilhões de muçulmanos em seis setores da economia real. A prospecção que o consumo alcance US$ 3,1 trilhões até 2027.
A oportunidade é agora: A comercialização de carne para países islâmicos exige que os frigoríficos se adaptem a padrões rigorosos de produção, e a certificação halal é um desses requisitos essenciais. Walid El Orra, Diretor Executivo da CDIAL Halal Autoridade de Certificação, destaca que “para que um frigorífico obtenha a certificação halal, ele deve atender aos requisitos gerais Halal, além dos específicos do país de destino da exportação”.
A certificação halal envolve uma série de critérios importantes. Entre eles, os instrumentos usados no abate, como facas, devem ser afiados e apropriados para minimizar o sofrimento do animal. Além disso, é fundamental que o animal esteja saudável no momento do abate, e que o sangue seja completamente drenado antes do início dos demais processamentos. Outro ponto crítico é a necessidade de manter os produtos halal separados dos não-halal em todas as etapas de produção, armazenamento e transporte, evitando assim a contaminação cruzada.
O apoio da CDIAL Halal durante o processo de certificação é fundamental para garantir que as empresas estejam em conformidade. A certificadora oferece desde treinamentos sobre os princípios islâmicos e o sistema de gestão halal até supervisão contínua durante a produção. “Caso o frigorífico não seja aprovado diretamente, há a possibilidade de passar por uma auditoria de follow-up para corrigir as não conformidades e obter a certificação,” acrescenta Walid.
No entanto, implementar os padrões halal não é uma tarefa simples e pode trazer desafios significativos para as indústrias. Walid aponta que “os desafios mais comuns incluem a necessidade de treinar os funcionários, adaptar a infraestrutura para garantir a segregação de produtos halal e não-halal, além dos custos associados à implementação e manutenção dos padrões”. A documentação e a necessidade de passar por auditorias frequentes também são aspectos críticos para garantir a conformidade contínua.
A CDIAL Halal se compromete a manter a integridade e a credibilidade do selo halal no mercado global através de práticas rigorosas, como a obtenção de acreditações internacionais e a transparência em seus processos.
A adequação ao mercado halal pode abrir novas oportunidades para as empresas, permitindo o acesso a um mercado global em expansão. As empresas que investem na certificação halal não apenas ampliam seu alcance de mercado, mas também demonstram um compromisso com a qualidade e a conformidade com padrões internacionais. Isso pode resultar em uma vantagem competitiva significativa, especialmente em mercados onde a demanda por produtos halal está crescendo rapidamente. Além disso, a certificação pode melhorar a reputação da empresa, aumentando a confiança dos consumidores e parceiros comerciais.