A produção in vitro de embriões impulsiona a eficiência dos rebanhos, acelera o progresso genético e promove um sistema agropecuário mais sustentável
* Artigo escrito por Namíbia Teixeira, gerente de Negócios Trans Ova Brasil
Ferramenta estratégica capaz de maximizar o potencial genético das fêmeas bovinas, a produção in vitro de embriões (PIVE) tem se destacado em todo o mundo. No Brasil, não poderia ser diferente e a técnica já responde por 29% da PIVE global. Essa biotécnica reprodutiva é uma das responsáveis pelo crescimento da produtividade dos rebanhos bovinos que temos assistido nos últimos anos.
A PIVE marca uma revolução nas biotecnologias aplicadas à reprodução animal e no melhoramento genético, permitindo que fêmeas de alto valor genético gerem múltiplos bezerros em uma única geração através de ciclos de aspiração. Esse procedimento favorece o número de descendentes de interesse do criador, superando o método tradicional, no qual uma fêmea geraria, em média, apenas um bezerro por geração.
Em comparação com a produção in vivo, a PIVE oferece vantagens notáveis. Primeiramente, elimina-se a necessidade de hormônios para superovulação, simplificando o manejo reprodutivo. Além disso, a doadora pode ser submetida à aspiração folicular mesmo durante a gestação, até cerca de quatro meses, dependendo do desenvolvimento do feto e das condições anatômicas do trato reprodutivo do animal.
Outra vantagem da PIVE é a otimização do uso de sêmen. Touros de grande valor genético, cuja disponibilidade de sêmen pode ser limitada ou de alto custo, têm seu uso maximizado através da fertilização in vitro, onde uma única dose pode fertilizar múltiplos oócitos, inclusive de diferentes doadoras, ao mesmo tempo, no laboratório.
Essa tecnologia já é amplamente adotada por produtores de leite que buscam acelerar o progresso genético de seus rebanhos, garantindo o nascimento de mais fêmeas por meio do uso de sêmen sexado. Isso proporciona ao produtor a flexibilidade de expandir seu plantel ou comercializar genética de alta qualidade, adicionando uma nova fonte de receita à propriedade.
A aceleração do progresso genético com a PIVE também se alinha a princípios de sustentabilidade. A técnica permite o nascimento de animais geneticamente superiores em menos tempo, o que aumenta a produtividade e a eficiência dos rebanhos. Paralelo a isso, há também a redução do consumo de insumos e minimização dos impactos ambientais. Dessa forma, a PIVE promove um sistema agropecuário mais sustentável e lucrativo.
Essa rápida evolução genética possibilita que o produtor ajuste raças e graus de sangue de maneira ágil, alinhando-se de forma eficaz aos objetivos e estratégias da fazenda. Essa flexibilidade potencializa a rentabilidade e a eficiência operacional, resultando em rebanhos mais homogêneos e produtivos.
Os embriões in vitro atuam diretamente na fórmula de melhoramento genético, principalmente através da alteração do intervalo entre gerações (L) e índice de seleção (i).
Intervalo entre gerações (L) é o tempo médio necessário para passar de uma geração para a próxima. Com a utilização de embriões in vitro o intervalo entre gerações pode ser reduzido significativamente.
Aumento da intensidade de Seleção (i), ou seja, quão rigorosamente os animais são selecionados com base em suas características desejáveis.
Em resumo, para ser competitivo, o produtor precisa focar no melhoramento genético, e a PIVE se destaca como uma ferramenta essencial nesse processo. A produção de embriões in vitro oferece uma solução rápida e eficaz para impulsionar o ganho genético, garantindo maior lucratividade e eficiência no campo.