Especialista da Cobb, Gabriel Novaes, destaca boa uniformidade na fase de recria entre estratégias para melhor eclosão
A fase de recria de machos reprodutores é de extrema importância para atingir bons resultados de eclosão. E a palavra-chave para este período é uniformidade. Ela é estratégica porque é quando se desenvolve o trato reprodutivo, então um bom trabalho de manejo neste momento tem impacto positivo ao longo de toda a vida produtiva do animal, defendeu o Especialista em Reprodução Animal da Cobb-Vantress, Gabriel Novaes, durante o 14º Simpósio Técnico Acav, em Florianópolis, Santa Catarina.
“A fase de recria é fundamental. Se houver algum erro nesta fase, o animal não vai ter um bom desempenho, e essa queda de resultado perdura por toda a vida da ave. E é por isso que as primeiras 10 semanas são tão importantes, já que elas definem o número de células de Sertoli do galo. Quanto maior este número, maior a fertilidade. Nesta fase as atenções devem estar direcionadas em atingir boa uniformidade e seguir as orientações do manual, pois, se os machos não chegam preparados da recria, a fase de produção não consegue recuperar as perdas, levando a atrasos de desenvolvimento ou até mesmo chegar em uma condição irreversível”, disse o especialista que ainda apresentou a fisiologia dos machos para explicar a importância e os pontos críticos de cada fase.
De acordo com ele, a fisiologia reprodutiva dos machos se divide em três fases principais. Nas primeiras 10 semanas acontece a proliferação celular, que é quando o testículo se desenvolve em quantidade de células. “Nesta fase, as células de Sertoli e de Leydig se multiplicam e aumentam de quantidade. Isso vale tanto para as células de suporte nutricional e estrutural, quanto para as células germinativas, que vão produzir os espermatozoides. É neste momento, em que ele ganha em quantidade, que se determina o potencial de produção espermática deste macho”.
A segunda fase, que vai da décima semana até a fase de transferência, é de diferenciação e maturação dessas células que se multiplicaram na recria, explica Novaes. “Estas células de suporte perdem o poder de se proliferar. Então, elas vão aumentar de tamanho e em complexidade para dar suporte nutricional, estrutural e hormonal para o início da espermatogênese”, pontuou o especialista já lembrando que a terceira fase, que vai da transferência até a maturidade sexual, é de aumento de estímulo luminoso, que vai ser percebido pelo cérebro. “O cérebro vai mandar sinais hormonais para o testículo para a produção de maior quantidade de testosterona, vai estimular o processo final da espermatogênese e a formação dos primeiros espermatozoides. É o que determina a maturidade sexual”.
Considerando ainda que o processo de monta nas aves é extremamente mecânico, Novaes salienta que o macho deve ser esguio. “O peito deve ter forma de V, com mais carne na parte superior, perto das asas. E não pode ter escore elevado, deve ser de 2,5 a 3,0”, disse destacando, entre as características desejáveis de um bom reprodutor, um bom desenvolvimento e boa coloração de crista e barbela, um bom desenvolvimento e boa coloração da região cloacal e pericloacal, conformação de peito entre 2,5 e 3,0 de escore e ausência de defeitos musculoesqueléticos, como artrite, pododermatite e deformidades ósseas, entre outras.
Quanto à qualidade do sêmen, o especialista explicou que uma boa concentração seminal deve ser branca e viscosa. “A concentração espermática pode ter variações, então, usamos apenas a porção branca porque tem uma boa concentração de espermatozoides. Quanto mais aquosa estiver a concentração seminal, mais diluída ela é. E a primeira consequência de uma queda da qualidade seminal é uma queda de eclosão”, afirmou Novaes, que seguiu destacando, entre as alternativas para contornar os efeitos da idade sobre os resultados de fertilidade, um controle de peso e escore de peito, o uso de aditivos fitoterápicos, a suplementação de antioxidantes, como vitaminas, ácidos graxos e aminoácidos, entre outros, além de manejo de spiking e inseminação artificial.