Com mais de 18 milhões de cabeças de gado, estado avança em práticas inovadoras, superando desafios e fortalecendo a produção local
Rondônia foi declarada zona livre de febre aftosa sem vacinação em 2021 pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), destacando-se pela eficiência no combate à doença. Com um rebanho de mais de 18 milhões de cabeças de gado, a região tem mostrado resultados notáveis, frutos da colaboração entre os setores público e privado.
Para o presidente da Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril (Idaron), Júlio Cesar Rocha Peres, Rondônia possui uma longa história de colaboração entre o Serviço Veterinário Oficial e o setor produtivo, com mais de 25 anos de parceria. Ele afirma que essa relação foi crucial para a evolução da pecuária no estado. “Quando decidimos fechar as fronteiras sanitárias para a movimentação de gado e produtos, a união entre os dois setores se fortaleceu, o que foi decisivo para alcançar o status internacional de livre de febre aftosa sem vacinação, em 2021. Sem essa parceria sólida e o reconhecimento mútuo, isso não teria sido possível”, destaca Peres.
A região iniciou o processo em 1999, sendo a última a aderir à medida. No entanto, como ressalta Peres, Rondônia aprendeu com os erros e acertos de outros estados, conseguindo avançar rapidamente. “Em poucos anos, fomos capazes de alcançar resultados significativos, superando estados que estavam à frente de nós. Em 2019, aceleramos o processo, e em 2020 conseguimos interromper a vacinação. Realizamos um inquérito sorológico e, em 2021, obtivemos reconhecimento internacional”, explica. Para ele, isso prova que o importante não é quem começa primeiro, mas quem comete menos erros. “A chave está em aprender com os outros e seguir o caminho mais eficaz para fortalecer o agronegócio e o país”, frisa.
O setor privado, representado pelo Fundo Emergencial da Febre Aftosa de Rondônia (FEFA), criado pelos próprios produtores rurais, uniu forças com o setor público em um esforço conjunto. O presidente do FEFA, Sérgio de Souza Ferreira destaca que a parceria foi essencial para enfrentar um desafio inédito, que exigia decisões rápidas e ações imediatas.
“As dificuldades iniciais com a febre aftosa foram muitas, especialmente no georreferenciamento das propriedades, vital para identificar a localização de cada produtor. Sozinho, o estado não conseguiria realizar esse trabalho de forma eficaz”, conta Ferreira, ressaltando que a união entre os setores foi fundamental para o cumprimento da tarefa em um tempo relativamente curto, diante da complexidade do desafio.
O presidente também ressalta a importância de acompanhar as tendências do mercado, já que a pecuária, o agronegócio e a agricultura são fundamentais para a produção local. “Se os consumidores e os países importadores exigem condições específicas, não podemos ficar estagnados. É necessário evoluir, cumprir as obrigações e seguir em frente. Esse progresso beneficia não apenas os produtores, mas o estado como um todo”, afirma.
Quanto à agilidade nas respostas a surtos, o presidente da Idaron, Júlio Cesar complementa que, atualmente, é possível evitar a paralisação do estado ou do país inteiro diante de uma emergência. “A rapidez no bloqueio é fundamental, e o setor privado pode apoiar o setor público, oferecendo equipes para isolar a área afetada e realizar o levantamento necessário de forma eficaz”, afirma.
Referência global em saudabilidade
A pecuária de corte, ou “pecuária de boi verde”, continua sendo a principal frente de trabalho da região, com predominância da produção extensiva a pasto, com a busca contínua por novas tecnologias, visando a modernização produtiva.
O aumento das áreas de produção de grãos e o aprimoramento das práticas de criação são desafios a serem superados. “Muitas pessoas acreditam que a introdução da lavoura diminui o rebanho. Na verdade, a produtividade e o tamanho do rebanho podem aumentar, o que é essencial. É possível ser sustentável sem desmatar, adotando as tecnologias adequadas para dobrar ou até triplicar a produção”, detalha o presidente da Idaron.
Por fim, Peres reafirma o compromisso do estado em garantir credibilidade e transparência. Ele destaca a importância da rastreabilidade, especialmente a rastreabilidade individual, já estabelecida, mas que precisa ser aprimorada.
“É fundamental ajustar os processos e abranger todos os envolvidos para que o sistema seja realmente eficaz e satisfaça as exigências do mercado, garantindo toda a segurança sanitária e de produção”, finaliza.