FACTA inicia 2025 com novas diretrizes e reforço na diversificação de atuação

FACTA inicia 2025 com novas diretrizes e reforço na diversificação de atuação

O KICK-OFF FACTA 2025 apresentou a evolução da fundação para além da avicultura e destacou os desafios e oportunidades do setor agropecuário para o ano

O crescimento da FACTA e as novas diretrizes para 2025 foram temas centrais do KICK-OFF FACTA 2025, realizado esta semana em Campinas (SP). O evento reuniu lideranças do setor avícola para um balanço das atividades da fundação e para discutir as perspectivas para esse novo ano. Durante a cerimônia de abertura, o presidente da FACTA, Ariel Mendes, destacou as principais ações desenvolvidas em 2024, ressaltando a ampliação da entidade e as parcerias estratégicas firmadas.

Durante o evento, Mendes anunciou a mudança no estatuto da FACTA – Fundação de Apoio à Ciência e Tecnologia Avícola, ampliando sua atuação para além da avicultura. Com a reformulação concluída em outubro do ano passado, a entidade passou a se chamar Fundação de Apoio à Ciência e Tecnologia Animal, reafirmando seu compromisso com o desenvolvimento de outras cadeias produtivas.

De acordo com o presidente da FACTA, a decisão acompanha a diversificação das agroindústrias, que atuam não apenas com aves e suínos, mas também com a produção de tilápia e, mais recentemente, com bovinos. “Nossos eventos já estão incorporando temas desses segmentos, pois nossas empresas produtoras também estão expandindo suas áreas de atuação”, destacou.

A inclusão da bovinocultura se justifica, segundo Mendes, pela relação direta entre o consumo de carne bovina e suína. “A carne suína é a principal substituta da bovina, que tem ficado cada vez mais cara no Brasil e no mundo devido às características de produção e ao aumento das exportações, especialmente para a China”, explicou.

Ele também ressaltou a crescente tecnificação da bovinocultura no Brasil, impulsionada pela demanda do chamado ‘boi China’, abatido com menos de 30 meses. No entanto, diferentemente das cadeias de aves e suínos, onde há uma forte integração, a produção de carne bovina apresenta desafios específicos. “O setor precisa de mais informações sobre sustentabilidade e competitividade. A FACTA pode desempenhar um papel fundamental ao levar conhecimento técnico tanto para os produtores de bovinos quanto para os frigoríficos”, concluiu Mendes.

FACTA 35 anos

Desde 1989 a FACTA fomenta, promove e divulga conhecimento científico e tecnológico para a cadeia avícola, em 1993 criou o prêmio Lamas da Silva, sendo pioneira no incentivo daqueles que constroem e disseminam o conhecimento técnico-científico na avicultura brasileira. Em 1994, ampliando seus objetivos, se torna o ramo brasileiro da World’s Poultry Association (WPSA) e, em 1999, lança a Revista Brasileira de Ciência Avícola que, em 2003, se torna o Brazilian Journal of Poultry Science.

De 1990 a 2024, a FACTA – Fundação de Apoio à Ciência e Tecnologia Animal consolidou sua atuação na disseminação do conhecimento, promovendo mais de 90 eventos técnicos e regionais, que reuniram mais de 12.900 participantes e contaram com o apoio de mais de 520 patrocinadores. Em 2024, a Revista Brasileira de Ciência Avícola, publicada pela entidade, recebeu 241 artigos e se destacou como a terceira publicação técnica voltada à avicultura mais acessada no mundo.

Outro destaque de 2024 foi o sucesso do programa “FACTA na Estrada”, que levou palestras e simpósios a diversas regiões do Brasil. O programa, que visa democratizar o acesso ao conhecimento técnico, foi realizado nas cidades de Maringá (PR), Uberlândia (MG), Cascavel (PR) e Campinas (SP).

E, para 2025, a FACTA também anuncia mudanças no Conselho Curador, que agora é formado por 11 membros, representando empresas e organizações-chave do setor agropecuário. A iniciativa busca tornar a entidade mais ágil e alinhada às demandas do mercado.

Desafios sanitários, regulatórios e de sustentabilidade

Além de apresentar as novas diretrizes e comemorar os 35 anos da Fundação, o KICK-OFF FACTA 2025 contou com uma série de palestras técnicas e estratégicas.

Abrindo o painel “Desafios Sanitários, Regulatórios e de Sustentabilidade”, o vice-presidente da Cobb Latam e Canadá e membro do Conselho Curador da FACTA, Bernardo Gallo, compartilhou sua expertise em áreas como matrizes, incubatórios, nutrição e saúde avícola, destacando a importância do controle de temperatura para maximizar o desempenho das aves. Ele mencionou o impacto da evolução genética no aumento da velocidade de ganho de peso das aves e como isso acarreta uma maior produção de calor, exigindo melhorias no manejo e na infraestrutura para garantir a qualidade e a sustentabilidade da produção. “Para atender a essas novas exigências, é fundamental investir em tecnologia, capacitação de mão de obra e adaptação do manejo à evolução genética das aves”, enfatizou.

Seguindo com as apresentações, o presidente da Câmara de Sanidade e Produção da ABPA e membro do Corpo Técnico da FACTA, Jônatas Wolf, destacou os principais desafios enfrentados pela agroindústria: sanitário, regulatório e de sustentabilidade.

No campo sanitário, Wolf enfatizou que as doenças emergenciais e exóticas representam o maior risco para o setor, ressaltando a necessidade de planos de prevenção e contingência eficazes. Ele alertou que os desafios relacionados a doenças como febre aftosa, PIRS e outras enfermidades de notificação obrigatória devem ser tratados como prioridades. “Manter os problemas fora do setor é a nossa maior responsabilidade”, afirmou.

Já no aspecto regulatório, o presidente da Câmara de Sanidade e Produção apontou a escassez de profissionais qualificados e a complexidade das conformidades legais como grandes dificuldades. Em relação à sustentabilidade, Wolf defendeu que o foco deve ir além do aspecto ambiental e incluir a governança.

O secretário adjunto de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura (Mapa), Allan Alvarenga, abordou as principais iniciativas da pasta para o setor agropecuário, destacando a importância da colaboração público-privada na resolução de problemas e na manutenção da sanidade animal.  O secretário também alertou para o crescente desafio da resistência microbiana, destacando que o uso de antimicrobianos deve ser controlado. “Neste sentido, o Mapa está trabalhando com o setor privado para avaliar os impactos regulatórios do uso desses produtos na produção de aves, uma ação fundamental para atender a exigências internacionais, como as da comunidade europeia”.

Oportunidades de mercado

O painel “Oportunidades de Mercado” foi aberto pelo gerente de Mercados da ABPA, Gabriel Morelli. Ele destacou os números atualizados sobre o setor de proteína animal no Brasil, mencionando a posição do Brasil como o segundo maior produtor de frango e o maior exportador global, com exportações que somam quase 40% da produção mundial. Gabriel também discutiu a relevância do Brasil no mercado de suínos, com destaque para o crescimento nas exportações, especialmente para países como as Filipinas e México.

Segundo Morelli, há hoje uma grande importância de explorar novos mercados, dado que a China, embora ainda o principal comprador, tem enfrentado uma queda nas importações. “As exportações para a China caíram, mas o Brasil conseguiu compensar isso com novos destinos, ampliando suas vendas para mercados menores e diversificados, como no Caribe, África e Sudeste Asiático”.

O presidente da Aviagen América Latina e presidente do Conselho Curador da FACTA, Ivan Lauandos, compartilhou uma visão positiva sobre o segundo semestre de 2024. “A coincidência de fatores, como preços do milho e farelo, contribuiu para um cenário favorável”, afirmou Lauandos, referindo-se ao impacto positivo sobre os preços e à valorização do mercado interno e das exportações.

Entre os principais desafios para o setor, o presidente da Aviagen destacou a necessidade de melhorar a produtividade. Ele citou dados que mostram a diferença de resultados entre os melhores produtores e a média do setor: “A produtividade das matrizes no Brasil precisa ser melhorada. O país está perdendo competitividade em comparação com outros produtores”, afirmou.

Finalizando as apresentações, Erico Pozzer, presidente da Associação Paulista de Avicultura (APA) e diretor-geral da Cooperativa Pecuária Holambra, abordou o desempenho da avicultura de postura comercial, que, após dificuldades enfrentadas em 2023, tem demonstrado recuperação em 2024. O aumento do preço dos ovos, que chegou a R$ 210,00 por caixa no comércio, foi um dos pontos positivos mencionados. “Quando o setor vai bem, os varejistas garantem margens de até 30%, o que mostra a relevância do preço do ovo e do frango na cadeia comercial”, afirmou Pozzer.

Outro ponto importante abordado por Pozzer foi a evolução da avicultura de corte no Brasil, com destaque para a região sul, que concentra a maior parte da produção, e a modernização das instalações, especialmente no Paraná, Goiás e Mato Grosso. “A avicultura de corte está se transformando, com galpões mais novos e melhores condições de ambiência, o que garante um melhor desempenho para as aves”, explicou o presidente da APA.

Sobre a FACTA

A FACTA – Fundação de Apoio à Ciência e Tecnologia Animal é uma organização civil sem fins lucrativos, fundada em 10 de agosto de 1989, que incorpora e amplia atividades técnicas e científicas. Tendo como foco o fomento e a difusão de conhecimento e tecnologias aplicáveis à avicultura.

Para mais informações acesse: www.facta.org.br

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