Apesar do aumento de casos em granjas comerciais, especialista em segurança dos alimentos esclarece: risco está no campo, não na sua cozinha.
Casos de gripe aviária (H5N1) em aves têm sido confirmados em diversos estados brasileiros — inclusive em granjas comerciais, como as de Imaruí (SC) e Aguiarnópolis (TO).
A notícia, naturalmente, desperta preocupação. Mas será que o consumidor precisa mudar seus hábitos à mesa?
“Não. Desde que você cozinhe corretamente o frango e os ovos, não há risco algum para a saúde humana”, afirma a médica veterinária Paula Eloize, especialista em segurança dos alimentos.
Segundo Paula, o vírus da gripe aviária não resiste ao calor do cozimento — o que significa que frangos assados, cozidos ou grelhados e ovos bem preparados são absolutamente seguros.
O alerta maior, neste momento, é para quem atua diretamente nas granjas, não para quem consome os produtos.
“Não estamos falando de uma contaminação invisível na carne ou no ovo. O vírus se concentra nas secreções e nas fezes das aves contaminadas, e a infecção humana só ocorre, em casos raríssimos, com exposição direta e prolongada”, explica Paula.
Desde 2003, foram pouco mais de 900 casos humanos no mundo — todos por contato com aves vivas ou mortas, e nenhum por ingestão de alimentos. No Brasil, até agora, nenhum caso humano foi registrado.
O que o consumidor precisa saber:
- Pode comer frango e ovos? Pode, desde que estejam bem cozidos. Isso é suficiente para eliminar qualquer risco.
- Precisa lavar o frango antes de cozinhar? Não. Lavar o frango cru aumenta o risco de contaminação cruzada na pia e nos utensílios.
- Deve trocar a forma de comprar? Frangos e ovos de procedência inspecionada continuam sendo seguros. Produtos clandestinos, sem controle sanitário, sempre ofereceram risco — e isso não é novidade.
“Essa não é a hora de pânico. É a hora de informação técnica, baseada em evidências. E é isso que precisa chegar até quem consome”, afirma Paula Eloize.
“A gripe aviária afeta a economia, a cadeia produtiva e acende um alerta para as granjas. Mas o consumidor que segue boas práticas de higiene e cocção pode manter sua rotina normalmente”.
Ela também reforça: “O Brasil tem protocolos muito sérios de vigilância sanitária. Os focos estão sendo monitorados, isolados e contidos. Essa resposta rápida faz parte do motivo pelo qual o país é um dos maiores exportadores de proteína animal do mundo.”
Se o consumidor quiser ajudar, Paula recomenda:
“Evite compartilhar desinformação. E, se encontrar aves mortas ou com comportamento anormal em locais públicos, não toque e acione a vigilância local”.