Uma empresa brasileira que cresceu rápido e de forma estruturada, a Marfrig iniciou
suas atividades no ano 2000. Com a aquisição de frigoríficos e plantas industriais em
várias regiões brasileiras e no exterior, a empresa tornou-se uma das líderes globais do
setor de produtos cárneos.
Atualmente, a Marfrig destaca-se por atender o mercado com suas marcas que seguem
tendências do mercado de consumo e também por suas ações em sustentabilidade nas
suas atividades no campo e nas indústrias. Durante a COP28 em Dubai, em 2023, a
Marfrig anunciou o investimento de 100 milhões de reais para acelerar seu programa
Verde+ e a antecipação de 2030 para 2025, de sua meta de rastrear 100% dos fornecedores
diretos e indiretos de gado, em todos os biomas brasileiros.
Confira entrevista com diretores da Marfrig para a Revista +Carne: Luciano Borges,
diretor comercial da Operação América do Sul; Fabricio Souza, diretor de Logística da
Operação América do Sul; Paulo Pianez, diretor de Sustentabilidade e Comunicação e
Rui Mendonça, CEO da Operação América do Sul.
Revista +Carne – Quais as marcas que a empresa tem no Brasil? Quais tipos de carnes estão incluídas nessas marcas? A linha para açougue é a que mais se destaca em vendas da empresa?
Luciano Borges – O atual portfólio da Marfrig no Brasil é composto pelas marcas Bassi, Bassi Angus, Montana, Steakhouse, Palatare, Pampeano, Viva e Plant Plus. Ele foi elaborado para estar em sintonia com as principais tendências de consumo no país no mundo. Os alimentos são produzidos com carne bovina e vegetais, no caso de Plant Plus, com de alta qualidade para atender a diferentes ocasiões, desde cortes para o dia a dia até os mais nobres e os especiais para churrasco, tão apreciado pelos brasileiros. A Marfrig é hoje uma empresa de alimentos com foco em produtos de alto valor agregado, com marca e processados, e tem o objetivo de ter um portfólio cada vez mais abrangente, além de ampliar o acesso aos mercados em crescimento, conquistando posição de ainda mais destaque tanto no varejo quanto no food service.
Revista +Carne – Quanto representa o mercado interno nas vendas da Marfrig? Quais os tipos de carnes mais consumidos?
Luciano Borges – A Marfrig tem apresentado um mix de receita distribuído entre os principais mercados consumidores do mundo. A participação do Brasil foi de 26% no quarto trimestre de 2023. Sobre os tipos de carne, trabalhamos com todos os cortes e temos focado em entender as necessidades de consumo de cada região para oferecer produtos para diferentes perfis de clientes – e com maior valor agregado.
Como exemplo, identificamos que alimentos porcionados atendem às necessidades dos consumidores que moram sozinhos ou que cozinham com pouca frequência. Diante disso, na Apas Show 2023, por exemplo, lançamos a linha de carne em porções individuais com a marca Bassi, da categoria de carnes premium: Chorizo Steak (contrafilé), Ancho Steak (filé de costela) e coração de alcatra (steak). Esses cortes passam por maturação de 20 dias e por um processo natural de resfriamento – com temperatura entre 0°C e 4°C – com a quebra das fibras da carne, que resulta em melhor textura, maciez, suculência, sabor e aroma.
Revista +Carne – Qual o tipo de carne mais exportado pela Marfrig? Poderia citar o volume de exportação dessas carnes?
Luciano Borges – Basicamente exportamos todos os cortes, obedecendo a demanda e a particularidade de cada mercado. Não abrimos os volumes de cada um.
Revista +Carne – Fale das tecnologias e logística que a empresa incorporou às suas atividades.
Fabricio Souza – Na área de logística, a Marfrig anunciou investimentos em torres de monitoramento de veículos em suas plantas e centros de distribuição para reduzir o tempo de permanência, contribuindo para aumento da produtividade da frota contratada. Esse sistema permitirá que a equipe de logística consiga localizar mais facilmente onde estão os veículos e fazer o direcionamento para as docas. Além disso, toda a frota da Marfrig – que é terceirizada – é monitorada em tempo real via sistema de rastreamento embarcado durante os percursos nas rodovias e distribuição urbana, o que permite à companhia, acompanhar onde estão os veículos, status das entregas e se estão em local com alto risco, uma vez que a carga é de alto valor agregado. Há ainda uma torre de monitoramento em tempo real dedicada à estão da temperatura nos veículos carregados com produtos da Marfrig para garantir a qualidade dos alimentos. Parte da frota contratada dispõe de câmeras embarcadas para monitoramento da condução dos motoristas, aumentando a segurança nas estradas.
Revista +Carne – Fale das inovações e tecnologias que a empresa incorporou às suas atividades e do setor de P&D da empresa.
Paulo Pianez – Inovação e tecnologia estão muito presentes na área de sustentabilidade da Marfrig. As questões referentes à emissão de gases de efeito estufa são muito relevantes e a companhia trabalha para diminuir as emissões de metano pelo gado por meio de estratégias importantes e inovadoras. Uma delas está na alimentação dos animais. De forma exclusiva, a Marfrig usa o composto bioquímico SilvAir®, desenvolvido pela Cargill, na dieta do gado, durante a fase de confinamento, em uma fazenda fornecedora da Marfrig (MFG Agropecuária) em Tangará da Serra (MT). Quando colocado na alimentação diária dos animais, o produto ajuda a reduzir a produção de metano pelo gado porque leva à produção de amônia (no lugar da produção de metano). A Marfrig também utiliza o SilvaFeed, da SilvaTeam, cujas moléculas bioativas de castanha e quebracho mostram melhoria da eficiência de utilização de proteínas e mitigação de emissões de gases do efeito estufa. Outra frente importante contempla as iniciativas para que a Marfrig alcance, até 2035, a meta de redução de 20% no volume de água consumido para produção de uma tonelada de produto. No dia a dia, uma série de medidas são implantadas para promover o uso racional da água, que incluem utilização de equipamentos mais eficientes e bombas de controle de vazão do insumo. Essas ações permitem uma análise precisa da utilização desse recurso e faz com que unidades em áreas de maior estresse hídrico tenham metas mais desafiadoras do que outras em regiões com maior disponibilidade hídrica.
Revista +Carne – Rastreabilidade ganha cada vez mais prioridade para exportação. Quais as ações da empresa para aprimorar os procedimentos para rastrear suas carnes?
Paulo Pianez – Durante a COP28 em Dubai, em 2023, a Marfrig anunciou o investimento de 100 milhões de reais para acelerar seu programa Verde+ e a antecipação de 2030 para 2025, de sua meta de rastrear 100% dos fornecedores de gado (diretos e indiretos), em todos os biomas brasileiros. A empresa mantém uma rígida política de compra de animais baseada em critérios socioeconômicos e, para isso, utiliza um sistema de geomonitoramento via satélite e em tempo real, que monitora toda a sua cadeia de fornecimento, desde 2010. Esse sistema assegura a conformidade das fazendas fornecedoras de acordo com os critérios checados a cada compra de gado. Sempre que uma irregularidade é identificada, a propriedade é bloqueada até que a situação seja totalmente esclarecida. Para dar maior confiabilidade a esses processos, todos os anos as operações da Marfrig são submetidas a auditoria externa. Nos últimos 12 anos, a companhia esteve em conformidade com os requisitos auditados quanto aos fornecedores diretos. Além disso, em 2020, a empresa lançou o Programa Verde+ para tornar sua cadeia de fornecimento mais sustentável e 100% livre de desmatamento através de uma rastreabilidade completa – ou seja, monitoramento de fornecedores diretos e indiretos. O programa é baseado no princípio de produção-conservação-inclusão e se apoia em tecnologia, desenvolvimento de mecanismos financeiros e fornecimento de assistência técnica para a sua cadeia de valor. Hoje a Marfrig já atingiu a rastreabilidade de 100% de seus fornecedores diretos, de 85% dos fornecedores indiretos da Amazônia e de 71% dos indiretos do Cerrado, biomas estratégicos e de maior concentração de áreas de risco no Brasil.
Revista +Carne – Sustentabilidade é outra necessidade para todos, mas principalmente para se posicionar em boa situação para exportar. Quais as principais ações da Marfrig nessa área?
Paulo Pianez – A Marfrig tem feito grandes investimentos em sustentabilidade como parte da sua estratégia de negócio e de uma governança sólida sobre o tema, com comitês dedicados à área e participação de membros do conselho e membros independentes. A companhia mantém uma gestão com foco nos pilares de redução de emissões de gases de efeito estufa, controle de origem, uso de recursos naturais, gestão de efluentes e resíduos, bem-estar animal e responsabilidade social. Cada um dos pilares tem metas claras baseadas em metodologias robustas e transparentes. Com esse modelo de governança e gestão, e pelo Programa Verde+ ( já citado), a Marfrig se destacou nos principais índices de sustentabilidade tanto da B3 no Brasil (o ISE e o ICO2) quanto nos mais relevantes rankings e índices globais referentes à temática ESG (FAIRR, CDP, BBFAW, Forest 500, Sustainalytics, MSCI, Global Child Forum Benchmark). A Marfrig foi a empresa mais bem avaliada do setor de proteína bovina pela iniciativa FAIRR. No CDP, recebeu nota máxima, com classificações “A” para mudanças climáticas e “A-” para a categoria florestas, além de “A-” para a categoria recursos hídricos. Isso faz com que a empresa seja a mais bem avaliada do setor globalmente. E é resultado de seu forte compromisso e das entregas efetivas em mais de três anos do Programa Verde+. No novo ciclo do programa, iniciado em 2024, a Marfrig irá acelerá-lo com investimentos da ordem de 100 milhões de reais em frentes como recuperação e transformação, restauração ecológica, agropecuária regenerativa e melhoria genética do rebanho, dentre outras. A Marfrig continuará a investir nessa agenda com a expectativa de resultados consistentes, potencializando impactos positivos ao longo de suas cadeias de valor e com foco em inclusão produtiva, desenvolvimento socioeconômico e geração de valor compartilhado.
Revista +Carne – Quais os desafios atuais como exportador de carnes?
Paulo Pianez – A exportação de carne bovina estará cada vez mais associada à entrega de produtos com sustentabilidade em toda a cadeia produtiva, principalmente no que se refere a questões em bem-estar animal e rastreabilidade do gado, para garantir que os animais não sejam adquiridos de áreas com desmatamento ou outros ilícitos socioambientais – e que tenham sido criados respeitando as liberdades animais.
Revista +Carne – Quais os planos da Marfrig na atuação nacional e internacional para médio prazo?
Rui Mendonça – Entre os principais planos está a diversificação na exportação, que é fundamental no nosso negócio e nos permite direcionar produtos para os mercados de acordo com a demanda de melhor preço. Atualmente a Operação América do Sul da Marfrig exporta para mais de 100 países. Em 2023, conquistou mais de 30 habilitações, com destaque para o México, um importante mercado. O objetivo é que 100% de suas unidades exportem para a China e os Estados Unidos, que são os dois principais mercados.•