A piscicultura é a produção de peixes em ambientes controlados. Trata-se de uma atividade aquícola que vem crescendo rapidamente no Brasil. De acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), atividade é desenvolvida em praticamente todas as regiões do país. A entidade afirma que há diversos sistemas de criação, como viveiros escavados, açudes e tanques-rede. Neste artigo de hoje, você vai entender melhor o que é piscicultura e como essa atividade tem se tornado cada vez mais lucrativa e eficiente.
Sistemas de criação de peixes
Em primeiro lugar, quando analisamos o que é piscicultura, precisamos lembrar que essa é uma atividade praticada há muito tempo. Há registros de que os chineses já cultivavam vários séculos antes de nossa era e de que os egípcios já criavam a tilápia-do-nilo há 4000 anos. No Brasil, a maior parte das atividades relacionadas ocorre em propriedades rurais comuns, na grande maioria, em fazendas dotadas de açudes, viveiros/represas.
Os viveiros são tanques construídos com a escavação da terra partindo do centro para as laterais, onde são levantadas as paredes, chamadas de taludes. Esses viveiros, em geral, têm formato retangular, com fundo uniforme, para facilitar a captura dos peixes usando a rede. É desejável, ainda, que possam ser drenados e enchidos em qualquer época do ano e que não apresentem infiltração excessiva.
Já os açudes, também chamados de represas, são construídos com aterro em áreas baixas para permitir o armazenamento da água da chuva, de pequenos cursos d’água ou nascentes. As dimensões e formato dos açudes dependem do relevo do local, permitindo pouco controle sobre seu formato e dimensões.
O que se faz na piscicultura?
Primordialmente, a principal finalidade da piscicultura é produzir e criar peixes. Nesse ínterim, embora sejam criados em maior quantidade para a comercialização como recurso alimentício, os peixes também são cultivados para uso esportivo e ornamental.
Contudo, esses animais podem ser cultivados em diferentes lugares, tanto em ambientes naturais, como lagos, lagoas e o próprio oceano, quanto em tanques comuns artificiais construídos pelo ser humano. Entre as metodologias utilizadas para produção aquícola, pode-se citar o uso de viveiros escavados no solo (reservatórios que permitem a entrada e saída de água), tanques-rede ou gaiola flutuante e o cultivo em espinhel e balsas.
Qual é a diferença entre piscicultura e aquicultura?
Segundo o Engepesca, a aquicultura é o ramo da zootecnia que estuda a produção racional de organismos aquáticos, como peixes, moluscos, crustáceos, anfíbios, répteis e plantas aquáticas para uso do homem. Desse modo, a piscicultura trabalha, principalmente, com o cultivo de peixes em cativeiro. Em outras palavras, quem cultiva apenas peixes, é o piscicultor. Quem cultiva peixes e outras espécies, é um aquicultor.
Os desafios da piscicultura no Brasil
Segundo a Peixe BR, são vários os motivos que, historicamente, contribuíram para o Brasil não se transformar em um grande produtor e consumidor de peixes. Primeiramente, a costa brasileira não tem uma abundância de peixes como se imagina. Temos uma boa pesca no litoral sul e no litoral norte (Pará), com isso, a produção durante anos foi para manter a demanda do litoral sem ter um volume suficiente para vender para o interior do país.
Outro fator é o tamanho continental do Brasil, durante muitos anos era impossível trazer produtos perecíveis, como os peixes, para o interior do país, tínhamos uma pequena oferta da pesca em rios. a do ano para comer peixes, principalmente bacalhau.
Hoje, temos as indústrias mais tecnificadas do mundo para processamento da tilápia, desde processos 100% manual até plantas com 70% de processamento automático, aliás essa também é uma grande vantagem, pois ainda permite que uma boa equipe treinada de filetagem traga resultados tão bons como as máquinas, mas o que tem de melhor no mundo está aqui nas nossas industriais,
Nossa piscicultura é a mais sustentável do mundo, o que pode ser observado quando se compara na Ásia.
Expansão da aquicultura brasileira
Como resultado, nos últimos anos, testemunhamos importantes transformações, saindo de um perfil extrativista com pouco nível tecnológico para produções estruturadas.
De acordo com a CNA, entre 2018 e 2022, o valor da produção aquícola aumentou 75%, ultrapassando R$ 8 bilhões no ano passado. Esse aumento reflete a expansão e intensificação da produção, especialmente na piscicultura e carcinicultura.
“Os impactos econômicos e sociais gerados pelas atividades aquícolas podem ser notados em todos os estados do país. Segundo a Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM-IBGE), em 2022, quase quatro mil municípios apresentaram atividade aquícola, representando 72% dos municípios brasileiros. Em relação à geração de emprego, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) , o setor emprega formalmente mais de 21 mil trabalhadores, um aumento de 13% nos últimos três anos.
A aquicultura é o setor do agronegócio brasileiro com maior potencial de crescimento, devido à disponibilidade de fatores produtivos e à demanda interna. O Brasil possui grandes bacias hidrográficas, litoral extenso, condições climáticas favoráveis e uma produção de grãos expressiva, o que favorece a produção de ração e oferece condições para a expansão da produção nacional.
Por fim, diante das vastas oportunidades e recursos favoráveis, a piscicultura emerge como um protagonista essencial no panorama do agronegócio brasileiro. Com suas vastas bacias hidrográficas, um litoral extenso e condições climáticas propícias, o Brasil se posiciona como um terreno fértil para o florescimento dessa indústria. Além disso, a expressiva produção de grãos do país não apenas sustenta a produção de ração, mas também alimenta o crescimento contínuo desse setor. Ao reconhecer e capitalizar essas oportunidades, a aquicultura não apenas promove o desenvolvimento econômico, mas também contribui para a segurança alimentar nacional, consolidando seu papel como um pilar fundamental do agronegócio brasileiro, com um horizonte repleto de potencial e progresso.