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Piscicultura nada de braçada em crescimento

Piscicultura nada de braçada em crescimento

O Brasil tem uma vasta extensão de costa marítima, além de muitos rios. Conta ainda com tecnologia altamente eficiente para distribuição de produtos perecíveis. Visto por esse prisma, é um cenário propício à exploração da atividade pesqueira. Porém, nem tudo é o que aparenta.

Segundo Francisco Medeiros, presidente executivo da Peixe BR, são vários os motivos que, historicamente, contribuíram para o Brasil não se transformar em um grande produtor e consumidor de peixes. Primeiramente, a costa brasileira não tem uma abundância de peixes como se imagina. Medeiros complementa: “Temos uma boa pesca no litoral sul e no litoral norte (Pará), com isso, a produção durante anos foi para manter a demanda do litoral sem ter um volume suficiente para vender para o interior do país. Outro fator é o tamanho continental do Brasil, durante muitos anos era impossível trazer produtos perecíveis, como os peixes, para o interior do país, tínhamos uma pequena oferta da pesca em rios. Em função desses fatores, associamos o período de quaresma como época do ano para comer peixes, principalmente bacalhau”.

Houve também um período de queda significativa da pesca, reduzindo a oferta de produto, porém nos últimos 10 anos, teve início da piscicultura profissional, destacando os pescados como a proteína de origem animal com maior taxa de crescimento após o cultivo de peixes, sendo superior à taxa de suínos, aves e bovinos.

“Então, na realidade, o que temos é um case de sucesso de aumento de consumo do peixe de cultivo, crescendo 5,6% ao ano, e uma queda da pesca, por isso a sensação que estamos parados no consumo”, esclarece o presidente da Peixe BR.

Desafios

O setor de peixes de cultivo é exatamente o segmento que a Peixe BR atua. E a associação lida com os inúmeros desafios do segmento, como os marcos regulatórios governamentais e outros referentes ao mercado. Medeiros destaca: “do ponto vista governamental o excesso de burocracia para produção de peixes atrapalha novos investimentos e, principalmente, do pequeno produtor brasileiro. Na área comercial, por não termos um hábito alimentar de consumo de pescado, há necessidade de um esforço maior para colocar o produto no prato do consumidor, mas no caso de peixes de cultivo temos obtido sucesso”.

Sim, o setor de peixes de cultivo vai muito bem! Com apenas 10 anos de profissionalização, a produção de 2023 foi de 860.000 toneladas de peixes de cultivo, sendo 64% de tilápias, seguido de peixes nativos, principalmente o tambaqui, um peixe amazônico que tem crescido e ganhado mercado nas regiões Sudeste e Sul. Já, a produção de peixes de cultivo de água salgada ainda é insignificante.

Contribuíram para o crescimento da produção de tilápia o fato de esse pescado trazer em menor período de tempo, o melhor resultado econômico em função de fatores genéticos, sanidade e nutrição, além de ter caído no gosto do consumidor pelo sabor suave, o fato de não ter espinhas e por seu padrão.

O setor cresce convivendo com vários desafios, como Custo Brasil, que sempre aumenta, como a carga tributária excessiva. O principal custo de produção de peixes é a ração, chega a ser responsável por 75% dos gastos fixos, e como a ração utilizada é elaborada com grãos, que são commodities (soja e milho), são sujeitas a variações nacional e internacional. Energia elétrica é outro fator muito impactante na produção, além das medidas sanitárias, principalmente no caso das tilápias. Esse conjunto acaba por interferir diretamente no custo final.

Ventos a favor

“Hoje, temos as indústrias mais tecnificadas do mundo para processamento da tilápia, desde processos 100% manual até plantas com 70% de processamento automático, aliás essa também é uma grande vantagem, pois ainda permite que uma boa equipe treinada de filetagem traga resultados tão bons como as máquinas, mas o que tem de melhor no mundo está aqui nas nossas industrias”, ressalta Medeiros.

Nossa piscicultura é mais sustentável do mundo, o que pode ser observado quando se compara na Ásia. Medeiros conclui: “estamos iniciando nossa atividade em uma época em que esses valores são importantes e bem difundidos, e que o consumidor está valorizando”.

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