Touros de central são verdadeiros atletas da reprodução, saltando mais de quatro vezes por semana e produzindo até 100 mil doses de sêmen por ano. Na Seleon Biotecnologia, os 400 touros confiados por criadores e pela maioria das centrais de genética em operação no território nacional recebem uma dieta equilibrada, com foco no controle de peso, formação espermática e na prevenção de enfermidades danosas à fertilidade.
Fatores como sobrepeso impactam diretamente na qualidade do sêmen, situação frequente em touros recém-chegados de leilões. “Mais vale um touro com escore corporal adequado para reprodução do que um animal supertratado e com problemas de fertilidade”, compara José Roberto Potiens, médico-veterinário e diretor técnico da Seleon Biotecnologia.
Tal cuidado vai além de enquadrar os animais à rotina de industrialização de sêmen, é uma preocupação com a saúde deles. O sobrepeso pode reduzir a libido, dificultar o salto e favorecer a inflamação das articulações. “Já o desequilíbrio na quantidade de energia e fibra na dieta provoca um quadro de acidose ruminal – resultante da produção excessiva de ácido lático – que pode levar à tendinite, laminite, timpanismo e contribuir para que os testículos fiquem mais pendulares, expondo-os a lesões pelo comprometimento da circulação sanguínea”, complementa Potiens.
Rigor no controle de peso
Na Seleon Biotecnologia, os touros são mantidos em piquetes modulares e recebem uma dieta calculada a partir das demandas energéticas de cada categoria e idade. O vagão forrageiro serve o cocho uma ou duas vezes por dia. “Os reprodutores são pesados mensalmente e os relatórios gerados permitem customizar a estratégia nutricional a ser adotada, principalmente em relação ao percentual fornecido de concentrado e silagem de milho”, diz Bruno Cardoso, zootecnista responsável da Seleon Biotecnologia.
O concentrado possui 72% de NDT (Nutrientes Digestíveis Totais), no percentual de 0,5% a 0,7% do peso vivo. Os animais ainda recebem um núcleo especial contendo zinco, manganês, cobre, selênio, fósforo e outros minerais essenciais à produção espermática. Betacaroteno, leveduras e vitaminas do Complexo B complementam o cardápio, auxiliando no controle de síndromes metabólicas. “Nosso foco é a saúde da flora ruminal, impedindo que o pH caia muito”, explica Bruno.
Além das informações bromatológicas (composição, valor nutricional e energético, propriedades e os efeitos dos alimentos no organismo) também são constantes as análises para identificar a presença de micotoxinas prejudiciais à fertilidade. Bruno ainda chama atenção para a associação do manejo nutricional ao bem-estar animal e às análises laboratoriais, aliada poderosa à liberação de partidas de potencial fertilizante elevado e à revitalização de touros que chegam com problemas de libido, dificuldades nos saltos e qualidade de sêmen inferior. “Tem touro aqui com mais de quinze anos de idade em plena produção”, exemplifica o zootecnista.