A aquicultura está se consolidando como um dos setores emergentes do agronegócio brasileiro. Nos últimos anos, testemunhamos importantes transformações, saindo de um perfil extrativista com pouco nível tecnológico para produções estruturadas, incorporando elevados investimentos tecnológicos e financeiros.
De acordo com a assessora técnica da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Larissa Mouro, entre 2018 e 2022, o valor da produção aquícola aumentou 75%, ultrapassando R$ 8 bilhões no ano passado. Esse aumento reflete a expansão e intensificação da produção, especialmente na piscicultura e carcinicultura.
“Os impactos econômicos e sociais gerados pelas atividades aquícolas podem ser notados em todos os estados do país. Segundo a Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM-IBGE), em 2022, quase quatro mil municípios apresentaram atividade aquícola, representando 72% dos municípios brasileiros. Em relação à geração de emprego, segundo o CAGED, o setor emprega formalmente mais de 21 mil trabalhadores, um aumento de 13% nos últimos três anos. A aquicultura é o setor do agronegócio brasileiro com maior potencial de crescimento, devido à disponibilidade de fatores produtivos e à demanda interna. O Brasil possui grandes bacias hidrográficas, litoral extenso, condições climáticas favoráveis e uma produção de grãos expressiva, o que favorece a produção de ração e oferece condições para a expansão da produção nacional”, explica Larissa.
Dados de consumo
O consumo brasileiro de pescado vem crescendo consideravelmente. Passamos de uma média de 6 kg por habitante por ano em 2004 para um consumo per capita nacional médio de 10 kg por ano, um aumento de mais de 60% em menos de 20 anos. É importante destacar que essa média varia entre as regiões do país devido à dimensão continental do Brasil, às características de produção e às tradições culturais. Na região Norte, por exemplo, o consumo médio de pescados ultrapassa 20 kg por habitante.
Segundo a especialista, no Brasil, os produtos de maior representatividade na produção nacional são os peixes e o camarão, responsáveis por 96% da produção aquícola brasileira. Dentre os principais estados produtores de peixes, destaca-se o Paraná, que detém atualmente 27,1% da produção nacional.
“A principal espécie produzida no estado é a tilápia, que em 2022 superou 160 mil toneladas, segundo o IBGE. Logo em seguida, Rondônia, com 9,1% da piscicultura nacional (peixes nativos), ultrapassou o estado de São Paulo (tilápia) em 378,2 toneladas. Em relação ao camarão, a segunda espécie mais produzida no país, destaca-se o Ceará, com 61,3 mil toneladas, representando 54,1% da produção nacional. Em seguida, o Rio Grande do Norte detém 22,2% da produção e a Paraíba, 6,4%. No geral, o Nordeste é responsável por 99,6% da carcinicultura brasileira, produzindo 112,8 mil toneladas em 2022.
Os pescados mais consumidos pela população brasileira são os peixes e o camarão. No Norte do país, por exemplo, o consumo de peixes nativos, como o pirarucu e o tambaqui, é expressivo. Em outras regiões, como nos estados do Sudeste, a tilápia é mais procurada”, esclarece.
Novos mercados
Larissa nos esclarece que à expansão para novos mercados dos produtos aquícolas, notamos um crescimento expressivo nas exportações da piscicultura brasileira. Nos últimos cinco anos, passamos de 4 mil toneladas exportadas para mais de 8 mil toneladas no ano passado, um aumento de mais de 70%. A tilápia foi a espécie responsável por mais de 98% do volume exportado em 2022.
“Os principais importadores de tilápia no ano passado foram os Estados Unidos e o Canadá, importando principalmente peixes inteiros congelados e filés frescos ou refrigerados. Neste ano, os Estados Unidos continuam sendo nosso principal parceiro comercial, com mais de 85% do total exportado no primeiro semestre, e a China em segundo lugar, importando 220 toneladas nos primeiros seis meses do ano. Além desses países, exportamos produtos aquícolas para o Japão, Colômbia, México, Taiwan, Líbia e outros países”, finaliza.